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Como fica a relação entre mãe e filho após o nascimento?

Dar à luz é o princípio das dores

Mariana Brito, estudante, descansa em sua cama. Os olhos pesados repousam sobre o berço logo à frente e se desviam do foco apenas para dar uma ou outra espiada na televisão. Mesmo em seu breve momento de lazer, a mãe direciona atenção para a bebê recém-nascida. Clarice dorme serenamente envolta por lençóis rosas, mas nem tudo na rotina de sua família segue no compasso tranquilo de seus sonhos.

A gravidez de Mariana chegou de surpresa, e todos tiveram que se adaptar à nova realidade.  Felizmente, ela recebeu apoio dos parentes e amigos. Entretanto, nem toda ajuda recebida foi capaz de amenizar alguns percalços que chegam junto com a maternidade. Fala-se muito sobre as complexidades e cuidados necessários durante os nove meses de gestação. Pouco se sabe que, após as dores do parto e o primeiro choro do bebê, surgem outras adversidades. A gravidez sai de cena e cede palco para o puerpério. 

Trata-se do período que decorre desde o parto até o momento em que o corpo da mulher retornará ao estado anterior. “Nessa fase, o organismo materno experimenta modificações fisiológicas e psicológicas expressivas”, declara o ginecologista Rodrigo Zaiden.

Claramente os hormônios da mulher não são os mesmos depois de ter gerado uma vida dentro de si. Os 40 dias pós-parto são a fase mais sensível para intensificar manifestações que vão do baby blues (melancolia da maternidade) até a depressão pós-parto. Esses sintomas podem durar dias e ser atribuídos ao stress de quando “a ficha cai”.

De acordo com a psicóloga Maria Coutinho, essa síndrome atinge metade das novas mães, que lá pelo terceiro e quinto dia geralmente têm remissão espontânea. Cuidado com o puerpério nunca é demais, pois é uma etapa de profundas alterações sociais, psicológicas e físicas. Mais instável que TPM. “Demanda a necessidade de um profundo conhecimento desta etapa na vida feminina, um fator essencial na determinação do limiar entre a saúde e a doença”, alerta a doutora.

Para a doula Adelia Segal, o nascimento dos filhos é apenas o começo de uma vida da qual a mulher não terá mais o controle que outrora tinha. O horário de dormir muda (algumas vezes nem acontece) e ir ao banheiro quando sente vontade é um luxo antigo, bem como lavar os cabelos. A receita de um litro de água por dia triplica. Alimentação saudável não é mais uma escolha e assume o caráter de dever. “A privação do sono eu diria que é a questão mais difícil, pois ela agrava todas as outras situações”, opina Adelia em uma espécie de desabafo na posição de quem já passou por isso.

Mariana, mamãe de primeira viagem, comenta sobre outro sofrimento característico do puerpério. Ela sentiu as dores oriundas do aleitamento. “Clarice arrancou um pedaço do meu peito”, revela em tom de espanto. O ginecologista explica que isso ocorre pois as mamas ficam túrgidas e sensíveis. Para evitar as dores sentidas por Mariana e tantas outras mães, ele recomenda uma boa pega. “Assim reduzimos as dores que ocorrem no ato de amamentar e também fomentamos uma produção de leite”, afirma. A mãe precisa observar como seu filho suga para então orquestrá-lo.

Outro fenômeno desconfortável percebido por Mariana foi o fluxo de sangue vaginal. Rodrigo revela a origem desse sangramento. “Uma ferida se forma na região logo que a placenta se separa do útero. A cicatrização ocorre lentamente e por isso observamos a saída de sangue”, esclarece. O médico ainda acrescenta que essa secreção muda com o passar dos dias e adquire aspecto amarelado. Diante das variações físicas que acometem a mulher, seu estado psicológico se abala. O humor de Mariana despencou. “Eu me senti sozinha e minha autoestima ficava lá embaixo. Além disso, pensava em muitas coisas que me deixavam triste”, confessa. Mesmo após dois meses desde que sua filha nasceu, ela ainda não se considera plenamente recuperada. Para ela, o puerpério continua.

Com o objetivo de minorar as dificuldades enfrentadas por Mariana, a doula recomenda um plano pós-parto para determinar quem estará ao lado da mãe. “Essas pessoas devem estar dispostas a ajudar e não julgar. Acolher as decisões e não determinar o que a mulher deve ou não fazer”, realça. Uma mãe bem orientada e acolhida tem grandes chances de ter um puerpério mais suave. A doula, mãe de dois, acredita piamente que rede de apoio é a palavra-chave. Essa rede não é composta apenas por parentes e amigos que auxiliam nas tarefas diária. É preciso estar cercada por profissionais de confiança.  

A doula faz uma observação importante: as mulheres acham que elas devem sentir amor incondicional pelo bebê logo nos primeiros dias. Surpresa! Isso nem sempre acontece e foi assim com ela mesma. Para não virar paranoia é bom saber que isso é normal. Adelia gostaria que todas as mulheres soubessem que não precisam dar conta de tudo. “Elas precisam de colo para poder dar colo. Para que elas cuidem dos filhos delas, precisam que alguém cuide delas e as acolha”, diz. Afinal, só podemos dar aquilo que temos.

10 dicas para uma boa introdução alimentar

Ir para a escola pela primeira vez é sempre um desafio para mãe e filho. Essa nova fase exige adaptação de ambos. 

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Escolinha

Uniforme separado, cabelo penteado, sapato adequado, mochila arrumadinha: cadernos, lápis de cor, borracha... Tudo OK! Mesmo assim existe algum tipo de tensão no ar em ambos os lados pelo primeiro dia na escola. Como cresceu rápido né? Uau. E agora? Ixi, chegou a hora de ir embora e a criança abriu o berreiro. Que dor. Mas é assim com todo mundo, né...? Para te ajudar nessa confusão, convidamos Clovis Neves, psicopedagogo pós-graduado em psicopedagogia e especialista em saúde mental, para conversar sobre a introdução da criança na escola.

ALT: Quando é o melhor momento para criança começar ir à escola?

Clovis Neves: É muito conturbada essa ideia, porque tem pais que acham melhor a criança ficar maiorzinha, tem profissionais que acham melhor desde cedo a criança já ir para escola, mas a gente precisa observar a seguinte situação: muitas vezes os responsáveis querem levar a criança cedo para escola com o objetivo de socializar a criança o mais cedo possível. Mas muitas vezes a criança não socializa dentro da própria casa. É importante ter um tempo de qualidade com o pai, com a mãe, aquele tempinho sossegado, antes de dormir, ou da brincadeira, o momento da alimentação... Tem que ter os momentos do lugar de aconchego dela, que não é a escola. O principal para essa construção emocional e afetiva dela está em casa.

ALT: Qual a maior dificuldade das crianças em geral no primeiro ano escolar?

CN: A insegurança é a maior dificuldade da criança nos primeiros anos da escola. Ela sai de um ambiente seguro onde ela só conhecia a família e passa a ver um monte de gente estranha numa sala. É uma explosão, um turbilhão de coisas acontecendo no cérebro ao mesmo tempo, são coisas as vezes que ela não tem em casa. Tem que seguir regras que não tem em casa como fila, esperar a vez... Não é a pessoa mais importante da sala como ela é em casa. Ela se sente muito insegura, não é a toa que ela chora. O que acontece é que as mães vão tão preocupadas no dia de aula, de que a criança vai sofrer, vai chorar, e quando a maioria das crianças olha para trás, dá tchau e vai para sala, a mãe fica chorando lá na porta da escola (risos), muita mãe fica se sentindo menos importante, às vezes acontece o contrário.

ALT: Como os pais devem lidar com a criança nesse momento delicado?

CN: Os pais chegarem no horário, nem antes e nem depois, para que ela saiba que quando todo mundo começa a ir embora ela vai sair também e não achar que vai ser esquecida na escola. Essa sensação de abandono quando o pai atrasa muito para buscar o filho complica a situação. Tem pai que chega, busca o filho dele e vai embora. Quer dizer, ele não é amigo dos amigos do filho dele. Se o filho dele sabe que todo mundo gosta do papai e da mamãe ele vai se sentir melhor acolhido, vai achar que é um conjunto, uma coisa só. Então os pais devem chegar e falar com todo mundo.

 

ALT: O que os pais não devem fazer?

CN: Os pais têm que entender que a criança está em um mundo novo. Eles têm que explicar tudo o que tem nesse mundo novo, envolver o filho nessa nova socialização. Falar para ele gostar dos coleguinhas, compartilhar os brinquedos, achar legal ir para escola. Se você for mamãe e promete levar ao shopping, ao cinema, promete que vai dar sorvete... Não cometa nesse erro, mesmo se você for cumprir. Ela tem que ir porque aquele é um lugar muito agradável para ela. A gente tem que deixar a criança segura de que ela está indo para um lugar bom. Ajudar ela nessa rotina compartilhada. Não adianta na escola ela aprender a juntar os brinquedos e em casa você juntar os brinquedos dela. Tem que seguir o que está acontecendo na escola.

ALT: Mais alguma dica para as mamães e papais com filhos entrando na escola?

CN: Abra uma discussão com a professora em particular, fale do seu filho, o que você faz e não faz, das suas preocupações com alimentação, agressividade, educação que você dá em casa etc. Oriente a professora a respeito disso e confie. Acredita na escola, acredite no profissional, mas não deixe de acompanhar o filho! Olha os cadernos do filho em casa. Acompanhe, faça tarefa junto, tenha certeza que ele entendeu a tarefinha. Qualquer que seja a atividade, não faça pela criança. Se você perceber que ela não entendeu ou não atingiu o objetivo daquela atividade, escreva no caderno para professora saber.

E quando a adolescência chega? Mãe e filho entram em nova fase e descobrem que novos desafios surgem, além de novas alegrias. 

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Ninho Vazio - Quando o filho vai embora
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Os filhos crescem e buscam a independência. Sair de casa é escolha feita por muitos. 

Volta e meia

A despedida de um filho é sempre um momento difícil para aqueles que convivem com a pessoa, principalmente a família. Depois que vão embora, esporadicamente os filhos visitam a mãe. O relacionamento pode mudar para muito melhor, mas também corre o risco de se tornar mais difícil. Na vida adulta, começam a amadurecer os pensamentos e enxergar a realidade em que vivem.

O psicólogo clínico e psicanalista Edivaldo Tagliari explica como isso afeta o emocional da mãe.  “No caso da mãe, o impacto emocional tende a ser maior, por conta de todas as relações afetivas que teve com esse ser desde a gestação até a saída do mesmo de casa, uma vez que a mesma dispensou de muito tempo para o cuidado e educação desse filho que agora deixará o lar”, aponta.

A readaptação da rotina é feita aos poucos até que a mesma consiga viver agora sem a companhia da sua “criança”. Muitas mães sentem que mesmo que essa separação seja necessária elas nunca estarão prontas. Apesar da distância, da dor da saudade, a separação faz mãe e filho crescerem, amadurecem. Para alguns, a relação se torna muito melhor. Um exemplo é professora Luciana Lima. “O nosso relacionamento sempre foi muito bom e continua assim. Amadureci muito como mãe, passei a ver minha filha como a adulta capaz de tomar decisões importantes”, pondera.

A despedida de um filho é sempre um momento difícil

Direção: Prof. Me. Andréia Moura

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