top of page

A amamentação estabelece vínculo entre mãe e filho

A amamentação em público, apesar de ser um direito garantido por lei, desperta incômodo em muitas pessoas.

Alt

Vai ter amamentação em público sim!

 

Sentada na fila de espera de um banco, no caixa preferencial, em qualquer lugar público é possível ver cenas como esta que você pode ver aqui em baixo. 

“Eu me sinto muito constrangido quando vejo uma mãe amamentando sem nada escondendo o seio”, admite Renato Diniz. Sobre amamentar em público ele garante ser errado, mesmo que não haja nenhuma lei que proíba esse ato. “Eu olho porque é feio. Parece que elas querem se mostrar”, diz Renato. 


O sociólogo Vinicius Manduca explica por que cenas como essa causam desconforto. “O ato de amamentar em público, ainda que por si só não seja sexualizado, choca por expor o corpo da mulher, que na nossa concepção moral cristã deve estar coberto”, explica. 

Talvez o olhar chocado de Renato seja o mesmo de muitos e por esse motivo a mãe Julianne Carneiro conta que dificilmente sai de casa sem a famosa “fraldinha” para tampar o seio na hora de amamentar. “Eu moro em cidade pequena. Então todos reparam demais, por isso sempre tive vergonha”, desabafa. 


Mas o quê de fato incomoda, visto que em geral um decote não causa tanto desconforto? O sociólogo Manduca esclarece o porquê de o colo feminino ser geralmente mais aceito do que a amamentação em público. “Acredito que o problema seja a exposição do mamilo. O colo é socialmente aceito. Imagens dos seios cobertos por roupas de banho ou lingeries são veiculadas em propagandas e programas de televisão”, clarifica. Dado esse fato, fica mais simples de entender como o mamilo feminino se tornou um tabu facilmente associado à nudez. O mesmo não se dá com o corpo masculino porque o seio do homem não é culturalmente sexualizado. 


Luanna Abaca se tornou mãe recentemente e confessa que amamentar pela primeira vez foi uma experiencia emocionante e estranha ao mesmo tempo. “É uma emoção enorme. Não tem palavras que definam o que se sente quando você passa a alimentar um ser humano frágil e pequeno que depende de você”, descreve. Essa declaração enseja a reflexão: por que amamentar não é socialmente aceito visto que trata-se apenas de uma mãe alimentando seu filho? Aliás, o que torna algo socialmente aceito? 


Para Vinicus Manduca essa é uma questão bastante complexa. “Em geral o que torna algo socialmente aceito é um processo de aceitação cultural. Esse processo pode advir de mudanças de cima para baixo, ou seja, do Estado para a sociedade e de baixo para cima, religioso, prazeroso, enfim, demandas sociais gerais”, explana.


O aleitamento materno não é motivo de vergonha, assim como Luanna defende. “Parece estranho, mas não vejo meus seios como uma parte íntima do meu corpo, hoje o vejo como fonte de alimento. Por isso não me importo de amamentar em público sem ‘tampar’”, argumenta. 
 

Fonte de vida

 

Amentar em público é aceito ou não? Essa é uma discussão que a sociedade leva há tempos. Todos os dias, diversas mães no mundo costumam alimentar seus filhos com leite, mas muitas pessoas enxergam esse ato como um problema quando feito aos olhos dos outros. Algumas lactantes são repreendidas, pois os seios expostos recebem conotação sexual ou vergonhosa. 


Segundo a mãe e psicóloga Gabriela Rodrigues, a amamentação exige contato frequente da mãe com a criança através de olhares e toques. "O filho olha para a mãe quando mama. Se tapar a criança e os seios, não haverá essa relação linda entre os dois", considera. Gabriela pensa que definir a amamentação em público como algo proibido ou constrangedor é completamente errado, pois trata-se de um ato de alimentação. "O erro está no fato de achar que o seio é algo sexual. Na verdade, é parte natural do corpo da mulher feito para o aleitamento. A mama no mamífero tem a função de alimentar o filhote”, desconstrói. 


Já boatos de que amantar em público fosse proibido. Realmente isso não passou de alguns boatos. Em 2015 foi aprovada uma lei que multa quem proíbe uma mãe de amamentar seu filho na cidade de São Paulo. Todo estabelecimento localizado na cidade deve permitir que o aleitamento materno ocorra em suas dependências. "Não existe nenhuma lei que proíba amamentar uma criança publicamente. Uma lei desse cunho é muito difícil de ser aprovada. Existem sim algumas leis que defendem o oposto disso em São Paulo e também em Santa Catarina", afirma o advogado Marcos Oliveira.


Para além das fronteiras brasileiras, também há inciativas pró-aleitamento. Uma campanha mexicana realizada pelos estudantes da University of North Texas traz à tona o tema através de fotografias. O propósito é aprovar uma lei para a proteção das mamães que decidem amamentar em público. O projeto se chama "When Nature Calls". As fotos mostram mulheres amamentando em banheiros pequenos e sujos, acompanhadas de um texto que diz "você comeria aqui?". Essa indagação surge como protesto contra o olhar negativo que a sociedade direciona às mães que alimentam seus filhos em lugares que não são reservados. 


Gabriela conhece bem esse olhar. Ela conta que sofreu com discriminação quando sua filha mamava no peito. "As pessoas olhavam torto para mim. Até mesmo gente da minha família pedia para esconder com a fralda de pano”, conta. Situações discriminatórias não faltam para narrar. Certa vez em um shopping, ela foi confrontada por uma funcionária que a viu e afirmou que o mundo estava perdido. “Se nós podemos nos alimentar em público, por que uma criança não pode?", questiona a atitude de todos que a julgaram. 

"A mama no mamífero é para alimentar o filhote"

Compositora Isadora Canto fala sobre amamentação e maternidade.

ALTCAST

Altcast Amamentação - Isadora Canto
00:00 / 00:00

Amamentar é um ato de amor

 

Depois de muita espera, dúvidas, medos e expectativas chegou a hora de amamentar o seu bebê. A amamentação é o momento mais esperado da maternidade. O melhor é que esse ato seja iniciado na primeira hora de vida, para garantir uma série de benefícios tanto à mãe, quanto ao filho. De acordo com a pediatra Evelyn Arrais, a amamentação na primeira hora de vida diminui a mortalidade neonatal. “O bebê que mama na primeira hora, após o parto, tem menos chance de morrer nos seus primeiros vinte e oito dias”, explica.


A jornalista Giovanna Balogh, consultora em aleitamento materno em seu site Mães de Peito, explica que ter contato com o bebe na primeira hora de vida está diretamente ligada ao sucesso que a mulher terá na amamentação. “A mãe que pode ter contato com seu bebe logo que ele nasce tende a ter menos depressão pós-parto e mais sucesso ao amamentar”, afirma. A primeira amamentação faz desencadear no organismo da mãe um amplo processo fisiológico que inclui a liberação de endorfina, ocitocina e prolactina. Dessa forma, há sensação de bem-estar, contração uterina e aumento de atividade das glândulas mamarias. 


A endorfina leva à intensificação do sentimento maternal, conhecido hormônio do amor. A ocitocina contribui ainda para a expulsão fisiológica da placenta e para o controle do sangramento uterino. A prolactina, por sua vez, conduz à produção e à liberação inicial da verdadeira “vacina” que é o colostro. Giovanna também ressalta que, independente da via de parto, o bebê deve ir direto para o colo da mãe mesmo que não mame de fato. “O bebe deve ter acesso ao seu peito para lamber, cheirar e mamar se quiser”, frisa.


Segundo Evelyn, o leite materno é o único alimento capaz de oferecer todos os nutrientes na quantidade exata que o bebê precisa para o seu crescimento e desenvolvimento. “Deve ser oferecido exclusivamente até o sexto mês de vida”, afirma. A Unicef estima que o aleitamento exclusivo até os seis meses poderia evitar, por ano, a morte de mais de 1 milhão de crianças menores de 5 anos. A amamentação garante ao bebê a proteção contra diarreia, alergias e outras doenças. 


A produção e ejeção do leite dependem fundamentalmente de uma mãe tranquila e bem hidratada, além da boa sucção do bebê. Taisa Meira, mãe do Daniel (um mês e meio de vida), conta que a amamentação é um misto de sensações. “Não é fácil. É um processo doloroso. Requer paciência e dedicação. Mas a sensação de poder alimentá-lo e a troca de olhar que se recebe como agradecimento é a melhor gratificação que se tem”, expõe. O leite materno estreita o vínculo entre a mãe e o bebê. 

Direção: Prof. Me. Andréia Moura

Contatos: (19) 3858-9072

                    abjnotícias@gmail.com

                   @abjnoticias

REALIZAÇÃO

EXPEDIENTE

 

Editora chefe: Prof. Dr. Karla Caldas Ehrenberg

Secretária de Redação: Emanuely Miranda


Repórteres: Emanuely Miranda, Juliano Santos, Lia Costa, Thaís Alencar, Thaís Fowler e Thamiris Senis


Programação visual: Emanuely Miranda, Lia Castro e Rafael Cardoso


Designer Gráfico: Rafael Cardoso


Fotos: Lia Castro

Modelo: Keitiely Freitas

bottom of page